sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Cartas para Romeu

Cartas para Julieta.
                                                                                              Verona, 13- 06- 1547


Romeu, só escrevem cartas para Julieta.
Em rara exceção resolvi lhe escrever esta.
Serei breve.
Não pude permitir que partisse sem um aviso prévio.
Ensejo que esta carta chegue em tuas mãos e evite o equívoco fatal prestes acontecer. Embora saiba de teu amor profundo e ardente por ela, queria te relembrar que não é a primeira vez.
Teus sentimentos doloridos enlaçam um destino premeditado. A dor que te consome as entranhas forja um desastre irremediável. Outrora fostes capaz de invadir a casa de seu rival pelo amor não correspondido de Rosalina. Soube que desta vez carregas um frasco de veneno entorpecedor.  
Se Julieta perece, tua alma entristece como o lírio murcho, todavia, a vida deveria persistir em tua veia.
O dramático amor, este fomenta uma simbologia teatral que perdurará séculos.
É isto que queres: Padecer agora? Ou queres o sangue a percorrer tua alma, de modo a tornar possível a esperança do que a vida possa ainda te surpreender. 
A intenção jamais fora subestimar que Julieta não é o amor de tua vida. Se não a amasse perdidamente não cruzarias o oceano e entregarias teu corpo no jazido de tua amada. Mas tua morte provoca a dor de um punhal cravado na adormecida Julieta num morrer de amores recíproco. 
E se viveres?
Evitarias o inelutável quando o amor insano comete seus delírios.
Li em uma das cartas para Julieta que ''‘e’ e ‘se’ são palavras que, por si, não apresentam nenhuma ameaça. Mas, se colocadas juntas, lado a lado, elas têm o poder de nos assombrar a vida toda.''
E se morreres?
Romeu, perdas são inevitáveis. Pais perdem filhos. E Romeus perdem Julietas. Contudo, só aqueles que sobrevivem a estas perdas descobrem o nascer do sol noutro dia com as surpresas que a vida há de revelar.

 Um abraço tênue incapaz de amenizar a dor que te aborrece a existência.


Cartas para Romeu de Por favor, um tempo!


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